Tuesday, January 08, 2008

Canções minhas

Algumas incursões pela música...(algumas estão publicadas em postagens anteriores, como Lenda e Olhos do Mar)

CANTO DE CHUVA

Hoje eu canto
um canto de chuva
um canto de sonho
que sonha sem luz

Hoje eu visto
a roupa vermelha
que o branco deixei
pro meu sol corar

Hoje eu venho
com amor gota-a-gota
na chuva miúda
é bom de se amar

Hoje eu trago
a tua imagem
formada nas nuvens

que o sol já se foi
o sol já não traz
a tua miragem


A QUEDA DA COLOMBINA (frevo)

Ontem, eu era alegria
Quando a sombra mística de Pierrot
voltou a morar em mim
É que ninguém repara
no rosto da Colombina,
uma tristeza que exala,
uma tristeza-menina
Que a alma então deixa o corpo
e a alma mergulha no sonho
e um rosto vago e risonho
comanda este leve corpo
Foi então que a sombra mística de Pierrot
voltou a morar em mim

PERDER ALGUÉM

Perder alguém
É sentir que o presente
pode a qualquer momento
ser ausente
e ficará um espaço vazio
como um recorte numa fotografia
Perder alguém
É sentir a energia dissipada por perto
É perceber que o constante companheiro
tomou o rumo do mundo
É crer que os laços do coração
já não prendem
É esse sorriso sem graça
E alguém parado frente a um pôr-de-sol

AMOR MADURO

Amor maduro é seiva de sândalos
é ramo de alecrim
incenso invandindo os ares
pinheiros, murta e jasmim

Amor maduro é a bateia no rio
O ouro de um trigal
o limo nas pedras úmidas
aroma de um parreiral

São pêssegos, tâmaras tenras
é o ar dos campos do Sul
cascata minando na rocha
é o mar exalando azul

É o sangue nas veias correndo veloz
tentando encontrar garças do interior
é o som do fruto rompendo a flor
a ressonância de uma voz

é uma boca encontrando um desejo
e um desejo é um campo em flor