Sunday, April 03, 2011

MIZOGUCHI

Contos da Lua Vaga é poético como o nome. A última chance para vê-lo é hoje às 21:30, na sala Humberto Mauro do Palácio das Artes. A cópia é em 16mm, o que significa uma troca de rolo no momento mais "quente" do filme, com o início e o fim "pulando", mas, se você conseguir fazer uma abstração dessas coisinhas, e se deixar levar pelas belas fantasmas, ou fantasias, do grande mestre japonês, terá uma grata surpresa ao final e terá vontade de ver mais... só que a mostra já terá acabado. Colocando suas estórias em séculos passados, Mizoguchi ainda assim denuncia a situação das mulheres. Em Contos da Lua Vaga, uma serviçal diz ao amante arrependido de sua senhora: "O homem pode errar. E a mulher, quando erra, o que acontece?" Já em "Amantes Crucificados", a mocinha pergunta ao herói: "porque quando uma mulher comete adultério é crucificada e o marido no entanto faz a mesma coisa e nada acontece?" Kenzo toma, pois, a defesa de suas heroínas corajosas, românticas, despojadas de qualquer direito num Japão feudal. Seus heróis são patéticos, risíveis, cornos. Não concordo com a crítica que o chamou de pessimista. Tem algo até de surreal em meio ao realismo de época. Em preto e branco, um filme obrigatório para quem se interessa pela história do cinema.