Sunday, November 02, 2008

Kama Sutra, Jardim das Delícias e Rubaiyat





De Omar Khayyam:

O amor que não destrói
não é amor. A brasa !
acaso pode ter
o calor da fogueira?
Noite e dia, durante
toda a vida, o amante
de verdade consome-se
de pesar, de alegria.

Onde te encontras, neste exato instante,
tu, que vieste oferecer-me a copa.
E por quem aqui vivo ainda a chamar?
Certo, nenhuma rosa se desfolha
perto daquele a quem dás refrigério
neste momento. E tu, estás privada
daquela amarga ventura que eu usava
para excitar-te até a embriaguez


Não deixes de apanhar os frutos
que te oferece a vida. Corre
a todas as festas e escolhe
os copos que forem maiores.
Não creias que Deus considere
os nossos vícios e virtudes.
E evita desprezares algo
que te possa fazer feliz.

Por que tanta doçura,
por que tanta ternura,
quando nós começamos
a viver nosso amor?
Por que tantas carícias,
e tanto afago após?
Por que hoje te compraz
rasgar meu coração?

Nada me interessa mais. Ergue-te,
traz-me vinho! Amiga, esta noite
tua amorosa boca é a mais bela
e suave rosa do Universo.

Vinho! Rubro como tuas faces!
Eu quisera que meus remorsos
fossem tão livres como as tranças
de tua dourada cabeleira.


A brisa da primavera
refresca as faces da rosa,
na sombra azul do jardim
a face beija da amada.

Embora a felicidade
gozamos outrora, esqueço o passado.
Esta doçura, Amada, é tão imperiosa!

Vil é o coração
que não sabe amar
nem se embriagar
da suave emoção.

Como vais notar
o sol ofuscante
e a lua brilhante,
sem saber amar?