Thursday, September 21, 2006

CHUVA/ECLIPSE


CHUVA

chove lá fora
dentro de casa uma mulher
um corpo maduro, querendo amor
macio e quente, morena em flor
ainda não inventaram nada mais belo
do que um corpo de mulher
esqueceram as flores, ela as comprou
esqueceram de seduzi-la
ela está lá
nua e no cio
quando era menina leu um romance chamado 'chuva crioula'
daí em diante,
em dias de tempestade,
ela se abre para o desejo como flor
nenhum homem sabe seu segredo
seu desejo é a chuva
que escorre pelo corpo sedento e nu


Desculpem-me postar o seguinte poema, de quando eu tinha treze anos, mas um poeta disse que essa lua nova mexe com a gente...

ECLIPSE

Eu vi o sol casar-se com a lua
que passava branca e nua
no céu de minha terra

Vidas vi se juntarem numa
e um escuro imenso descer
cobrindo os pés da minha serra

Como um par que se envolve
ou nuances de um pintor
eu vi o sol enrubescer
e a lua declarar amor

Naquela tarde de ilusão
meu coração estava magoado
vendo o sol apaixonado
e escuridão dentro de mim

A estrela do alto me ouviu
e meu amor encontrou
e a lua disse que viu
o eclipse que em nós se formou

Corações que ferem, não amam
tarda a dor transformar-se em amor
são as sementes que clamam
é erva pedindo flor

Num eclipse escuro e sombrio
envolvente dose de amor
a lua sentiu, como queria,
um encontro de muito ardor

Opostos como preto e branco
marcantes como sangue e vinho
o sol e a lua uma vez, portanto,
queriam só carinho

E cá na Terra, corações partidos,
casos rompidos, ervas sem flor
a escuridão trazia o frio
mas ninguém trazia amor

A Lua compreendeu o seu lugar
deixou o Sol sem nada dizer
voltaram os corações a amar
e o Sol tentou a Lua esquecer...